O Boom do Furto e Vandalismo na Infra de Telecom – É preciso falar sobre isso
Atualmente ao cruzarmos as ruas e avenidas da nossa querida Belo Horizonte é inevitável não percebermos a quantidade de cabos de telecomunicações que estão cortados, dependurados ou soltos pelo caminho, principalmente nas esquinas. Trata-se de um fenômeno que foi acentuado no período crítico da pandemia da COVID-19, que provavelmente não é um privilégio da capital mineira.
O objetivo deste post é abordar o tema e os impactos negativos para a sociedade em geral, e também falar um pouco sobre uma tecnologia que pode contribuir neste cenário, pois, afinal este é o propósito do Nuprompt.
Sabemos que a pandemia alavancou uma série de mudanças em vários setores no mundo, acredito que entre eles um dos mais impactados tenha sido das telecomunicações, devido a necessidade de atender a alta demanda por conectividade ou aumento de banda para as empresas e pessoas que foram trabalhar em suas residências. As operadoras e provedores de serviços precisaram antecipar seus projetos e evoluir as redes em curto prazo lançando cabeamento óptico por toda parte, uma vez que as redes existentes de par metálico não iriam suprir as necessidades.
Aparentemente tudo deu certo, rapidamente muitas pessoas passaram a contar com o serviço de conexão por fibra em diversos locais, com melhor qualidade para as demandas de tráfego do momento. Por outro lado o abandono das redes metálicas, associado ao aumento de pessoas em situação de rua, fomentou a prática do furto e vandalismo do cabeamento de telecomunicações, principalmente aéreo.
Mas o que os cabos de fibra óptica tem a ver com isso?
O grande problema é que os infratores ao subir em árvore, muro, marquise ou poste com o objetivo de furtar cabos de cobre, eles não sabem exatamente qual tem cobre ou qual não tem, e assim, muitas das vezes vários cabos são cortados parcialmente ou totalmente até que identifique o objeto alvo do crime.
Não importa se estamos falando de uma infraestrutura de empresa privada ou empresa pública, os impactos dessas ações criminosas são grandes e atingem a todos nós. Podemos citar alguns exemplos quando algo desse tipo é feito em algum local pelas ruas:
- No melhor dos casos você fica sem Internet em casa por algumas horas, dependendo por alguns dias. Vai ter que recorrer a conexão do smartphone;
- Vai pagar mais caro pelo serviço, porque as empresas terão que repassar parte do aumento do custo de manutenção da rede;
- A sua escola ou unidade de saúde mais próxima poderá ficar impossibilitada de prestar todos os serviços, uma vez que atualmente os órgãos federal, estadual e municípios proveem serviços de forma eletrônica;
- O impacto visual e ambiental são terríveis e percebemos isso atualmente nas ruas;
- O risco de acidentes com pedestres e ciclistas com cabos que ficam praticamente na altura da cabeça em alguns locais.
Os efeitos colaterais são diversos e as operadoras e provedores de serviços tem feito esforços de todo tipo para mitigar os impactos sociais e financeiros, tais como uso de vigilância ostensiva da rede, proteção mecânica em caixas de emenda óptica aérea e subterrânea, mudança de rota do cabo, poda de árvores, instalação de concertinas em muros e até em postes além de vários outros artifícios, mas que nem sempre apresentam o resultado desejado ou necessário.
Por ser uma questão de impacto geral é importante que todos contribuam para que o cenário mude. É um tema complexo que envolve desequilíbrio social, criminalidade dentre outros e que poderia render horas de debates. Alguns fabricantes de equipamentos, materiais e produtos de telecomunicações tem investido em tecnologia e engenharia de novos produtos e serviços para ofertar ao mercado.
A Internet of Things (IoT), ou Internet das Coisas, está cada dia mais presente na solução dos problemas cotidianos e de automação de sistemas e pode ser um caminho para o desenvolvimento de novos serviços que contribuam para a melhoria do cenário citado. É claro que nada será uma solução isolada, mas é preciso somar esforços. Neste sentido, um grande fabricante de produtos e serviços de telecomunicações com sede no Brasil oferece no mercado um serviço que utiliza o conceito de IoT que opera com a tecnologia LoRaWAN. Este vale a pena entrar na questão técnica abaixo.
A sigla LoRa é o acrônimo do inglês Long Range ou Longo Alcance. Trata-se da tecnologia de construção do semicondutor que foi desenvolvida e patenteada pela empresa SEMTECH. LoRA utiliza uma técnica de modulação chamada de Chirp Spread Spectrum (CSS) que possui semelhanças com a modulação por mudança de frequência ou Frequency Shift Keying (FSK). O método CSS foi desenvolvido na década de 1940 para uso nas comunicações militares, isto devido a sua alta robustez e capacidade de propagar sinais por longas distâncias.
E LoRaWAN? Este é o protocolo ou padrão de interoperabilidade que é gerenciado pela LoRa Alliance, uma organização tecnológica sem fins lucrativos. O ecossistema de uma topologia LoRaWAN consiste basicamente dos seguintes elementos: sensores, gateways, servidor de rede e servidores de aplicação.
No Brasil a faixa de frequência regulamentada pela ANATEL para operação da tecnologia LoRa é de 915 a 928MHz. Vale lembrar que esta é uma faixa de frequência não licenciada assim como as frequências de operação das redes Wi-Fi (2.4GHz, 5GHz), todas chamadas de banda ISM (Industrial, Scientific and Medical).
A figura abaixo exibe uma ilustração da topologia LoRaWAN feita no Draw.io.

O servidor de rede envia e recebe mensagens LoRaWAN dos dispositivos remotos e faz a comunicação com os servidores de aplicação, que podem ter finalidades diversas como telemetria, agronegócio, etc.
Sobre o produto citado anteriormente, ele consiste em um sensor IoT LoRa, com bateria interna de longa durabilidade, podendo chegar a cinco anos, que foi desenvolvido para ser instalado dentro da Caixa de Emenda Óptica (CEO), por exemplo. O sensor comunica-se em Rádio Frequência com os gateways da rede LoRa, que neste caso estão localizados nas torres e infraestrutura das operadoras de telefonia móvel. As distâncias são longas, da ordem de quilômetros entre o sensor e o gateway, mas é claro que isso vai depender do ambiente e dos obstáculos existentes ao longo da propagação do sinal.
O sensor possui uma construção eletrônica capaz de ser integrado à fibra óptica e perceber a existência ou não de potência naquele ponto georreferenciado. Aliado aos recursos computacionais do mundo Cloud, e de softwares, é possível gerar notificações em vários níveis para atuar da melhor forma.
Abaixo uma imagem do produto extraída da Internet, em seguida uma topologia feita no draw.io para ilustrar como seria implementado.


Este é um exemplo do que pode ser implementado para tentar mitigar os problemas atuais que dão o título a este post. Mas como dito antes trata-se de um problema complexo que precisa da mobilização de todos os setores da sociedade, governo, órgãos de segurança pública, justiça, setores da tecnologia e também do cidadão que pode contribuir com informações e denúncias.
Ficamos por aqui hoje e lembrem-se, não importa em qual parte do projeto você está, ou qual seja a sua função ou atividade profissional. Sempre dê o seu melhor.
Até breve.